2014-10-29

Festa brava







Passos Coelho não terá gostado que, no domingo, Paulo Portas o tivesse pressionado para não adiar demasiado a decisão de o PSD e o CDS se apresentarem coligados nas próximas eleições legislativas. A bordoada que Passos Coelho lhe infligiu foi de caixão à cova. Nunca se vira uma reacção assim entre membros de um governo, para mais sendo um o (alegado) primeiro-ministro e o outro o vice-primeiro-ministro.



Que resposta deu o pantomineiro-mor ao vice-pantomineiro? Esta: «Eu não vou introduzir a questão da coligação no debate político. Acho que ela vem completamente a destempo». E ainda deu a estocada final: «Eu agora estou concentrado na questão orçamental, em reformas importantes que levámos ao parlamento: a reforma da fiscalidade verdade, a reforma do IRS. Há outras reformas importantes que têm de andar e que terão de ter desenvolvimento até ao final do ano, nomeadamente ao nível da reforma do Estado».



Paulo Portas , que tinha montado o seu circo na Cidade do México, reagiu com um ar transtornado [vídeo ]: «Elas [as reformas] estão presentes [sic] no Orçamento [do Estado]. Quando estou fora de Portugal a defender as empresas, as marcas e produtos, ou seja, a bandeira de Portugal, nunca faço comentários sobre política interna». E ainda balbuciou: «Estou aqui como vice-primeiro-ministro e não como líder partidário».



Temos, portanto, um primeiro-ministro que manda o seu vice-primeiro-ministro trabalhar, que faça a reforma do Estado de que foi incumbido (e não fez) e, se se portar bem, lá para o Verão terá uma conversa com ele. E temos um vice-primeiro-ministro que replica, prevenindo o primeiro-ministro de que, estando no México em funções oficiais, não entra na politiquice interna fomentada pelo (alegado) primeiro-ministro.



Em Belém, assiste-se a tudo isto como se o funcionamento das instituições democráticas estivesse plenamente assegurado.

Fonte: http://corporacoes.blogspot.com/2014/10/festa-brava.html

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